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sábado, 20 de agosto de 2016

Reformas bourbônicas: entre o despotismo e o consenso



GARCIA, Elisa Fruhauf. “Os índios e as reformas bourbônicas: entre o “despotismo” e o consenso. In.: AZEVEDO, Cecília & RAMINELLI, Ronald (org.) História das Américas: novas perspectivas. Rio de Janeiro: FGV, 2011. p. 55-81.



     A autora discute o papel dos índios nas reformas bourbônicas, e busca demonstrar como os trabalhos recentes sobre a aplicação das medidas bourbônicas aos índios, tanto os localizados nas regiões fronteiriças quanto os inseridos na sociedade colonial, têm obtido resultados inovadores. O texto é dividido em três tópicos que facilitam a compreensão das informações.
     Elisa Garcia introduz o capítulo apresentando o contexto das reformas promovidas pela Coroa espanhola nos domínios americanos, e expondo os objetivos de tais reformas, entre os que se destacam, o de enfrentar a crescente competição entre os Estados europeus; recuperar o lugar de destaque que a Espanha ocupava no cenário Internacional; e assegurar o efetivo domínio espanhol nos territórios americanos. A autora expõe também que os índios foram uma das questões-chaves das reformas, no que diz respeito aos “não-submetidos”, os espanhóis negociavam de toda forma com eles, a fim de não perder o comando das regiões limítrofes para os rivais europeus, inclusive havia um interesse de transformar esses índios em súditos da Coroa. A autora diz que uma das pretensões das reformas bourbônicas era de extinguir a diferenciação entre índios e espanhóis, tornando obrigatório o uso do espanhol, e transformando a propriedade comunal em privada. Ela fala ainda de algumas reformulações que tem ocorrido na historiografia sobre as populações indígenas, como as noções de aculturação e resistência, que foram substituídas por conceitos como etnogênese, etnificação.

Da crítica à negação da Razão Moderna e o novo contexto: “Pós-moderno?”



GOERGEN, Pedro. Da crítica à negação da Razão Moderna; O novo contexto: “Pós moderno?”. IN:_______. Pós-modernidade, ética e educação. Campinas, SP: Autores associados, 2001. P. 1-38.


         Nos primeiros dois capítulos de seu livro intitulado “Pós-modernidade, ética e educação”, Pedro Goergen traça o percurso da crítica da Razão Moderna até sua negação. Ele inicia apresentando o Projeto Moderno, onde o homem teria se visto independente da verdade revelada pela Igreja ao se conscientizar de suas capacidades racionais. Quando isso acontece, o Teocentrismo é substituído por uma cultura totalmente antropocêntrica e secular, e os segredos da natureza passam a ser revelados não mais por Deus, e sim pela Ciência e a Razão. A fé é desassociada do divino, e ligada à racionalidade e ao progresso, dois aspectos chave do Projeto Moderno.
         Seguindo o ideal de que todo homem é sujeito de seu tempo, podemos notar no Projeto Moderno traços da mentalidade medieval. A modernidade emergiu do medievo cristão, dessa forma o que os modernos fizeram foi secularizar essa idéia de “mundo melhor” pregada pela Igreja. Ao invés de se deparar com o paraíso na eternidade, alcançado pela fé em Deus, a cidade celestial se transfere para a terra, e o mundo melhor pode agora ser alcançado através da fé na Razão. O que se busca ainda é a salvação do homem,, só mudaram as formas de alcançá-la. O indivíduo moderno substitui a metanarrativa cristã medieval por uma metanarrativa secular.

Novas perspectivas para a história indígena



ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Identidades étnicas e culturais: novas perspectivas para a história indígena. IN: ABREU, Martha; SOIHET, Rachel. (Orgs.).  Ensino de história: conceitos, temáticas e metodologia. Rio de Janeiro: Casa da palavra, 2003. 


         A autora apresenta a antiga e nova imagem do índio na historiografia brasileira. Ela mostra que ainda no século XIX, Varnhagen se referia aos índios como “povos na infância”, personagens secundários, que só surgiam na historiografia em função dos interesses alheios. O índio era visto como uma massa amorfa que não reagia e nem resistia aos colonos. Ainda com base nesse ideal, acreditava-se que os índios do Brasil foram absorvidos pelo sistema colonial como vítimas indefesas, aculturaram-se, deixaram de ser índios e saíram da História!
        Porém, Maria Regina nos traz novas perspectivas para a história do índio brasileiro. Diferente do que se pensa os índios não permitiram tal aculturação, ao contrário eles reformularam suas culturas, mitos e compreensões do mundo com base na nova realidade que lhes foi apresentada. Exemplo disso são os documentos sobre as aldeias coloniais do Rio de Janeiro que nos mostram que os índios integrados à colônia se misturaram e se transformaram, porém continuaram a se considerar e serem considerados índios. Além disso, nessa nova perspectiva da história indígena, as aldeias ganham um novo papel, agora passam a ser vistas como um espaço de ressocialização. Apesar da opressão que sofriam nesses ambientes, os índios foram capazes de se rearticular social e culturalmente assumindo a nova identidade que lhes havia sido dada ou imposta pelos colonizadores: a de índios aldeados e cristãos.

Colonialismo e idolatrias


VAINFAS, Ronaldo. Colonialismo e idolatrias: cultura e resistência indígena no mundo colonial ibérico. IN: Revista Brasileira de História: América-Américas. V.11, nº21:- São Paulo, 1991.


No artigo, o autor procura definir e classificar o fenômeno das idolatrias surgido na América Colonial Ibérica a partir do século XVI. Na época dos Descobrimentos, a idolatria já era um conceito antigo na Teologia Cristã, podendo ser vista tanto no Antigo como no Novo Testamento. No meio Cristão Medieval, as práticas consideradas idólatras eram demonizadas, e não foi diferente na América.
Desde os primeiros contatos entre europeus e ameríndios a idolatria passou a fazer parte do vocabulário dos colonizadores. Eram considerados idolatria: os cultos indígenas à estátuas; a divinização de rochas e os rituais de antropofagia, quase em tudo era percebido um sinal idólatra.
Alguns viam na religiosidade dos nativos um estado de anomia, um papel em branco onde se poderia escrever a vontade. Outros confundiram a história indígena com o Islamismo, como foi o caso de Hernan Cortês, que descreveu um templo de Tenochtitlán como uma grande mesquita. Ou seja, era o imaginário da Reconquista que moldava as formas de (re) conhecer o outro, que era visto tanto como infiel, como gentio.

A canção popular brasileira como fonte para o ensino de história


                                                                                                                                         
CATELLI, Roberto. A canção popular brasileira como fonte para o ensino de história: da Bossa Nova à música de protesto.IN: _____. Temas e linguagens da história: ferramentas para sala de aula no ensino médio. São Paulo: Scipione, 2009. p. 133-151.


No livro Temas e linguagens da história Roberto Catelli exemplifica algumas ferramentas a serem usadas em sala de aula pelo professor de História, e no capítulo  A canção popular brasileira como fonte para o ensino de história: da Bossa Nova à música de protesto ele procura demonstrar como é possível trabalhar a música popular brasileira como fonte histórica na sala de aula. Segundo ele é uma forma de "despertar no aluno outras formas de conhecer, interpretar e sentir". Para exemplificar ele utiliza canções do período em que o Brasil era governado por militares (1950-1960), além de diferenciar os diferentes estilos musicais da época.
Após o triunfo na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos se tornaram uma liderança mundial, e passaram a influenciar o mundo de diversas maneiras, inclusive através de sua cultura. Na década de 1950, a música estadunidense chamou a atenção com a explosão de estrelas do rock, entre elas Elvis Presley. Essa "cultura do rock" também se espalhou no Brasil, porém, muitos ainda preferiam o samba e o jazz. Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto são algumas figuras da música brasileira que se destacam nesse momento, inclusive os mesmos são considerados os "pais" de outro estilo musical criado nessa época: a Bossa Nova.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A conquista Espanhola e a colonização da América


ELLIOT, John H. A conquista Espanhola e a Colonização da América. In: Leslie Bethell (ed.). História da América Latina, vol. I: América Latina Colonial. São Paulo/Brasília: EDUSP/Fundação Alexandre de Gusmão, 1997 (1984), pp. 135-194.

                                                 

O capítulo em destaque é parte do livro História da América Latina, vol. I: América Latina Colonial de John Elliot e faz  uma análise da conquista espanhola das Índias, problematizando as razões da vitória ibérica. O texto é dividido em quatro tópicos onde o autor apresenta os antecedentes da conquista, o padrão das ilhas, a organização e o avanço da conquista, e sua consolidação. Ao longo do texto, o autor expõe alguns motivos que poderiam justificar o êxito ibérico.
No primeiro tópico, Elliot apresenta o contexto da Europa antes da conquista, que ainda sofria crises econômicas e sociais causadas pelas devastações da Peste Negra, e estava bloqueada nas fronteiras orientais, tornando a oferta de mão de obra pequena e fazendo com que as rendas da aristocracia decaíssem. Sendo assim, o autor diz que o movimento expansionista dos ibéricos no século XV foi um reflexo dessas aspirações europeias, onde a nobreza procurava no ultramar novas terras, e consequentemente, novas fontes de riqueza. Essas ambições ultramarinas levaram ao aperfeiçoamento das técnicas de navegação, e criação de novas ferramentas como a bússola, o quadrante e o astrolábio. O autor também coloca em destaque as pretensões de Castela, dando uma justificação moral para a conquista e a colonização, que seria a catequização.

A sensibilidade estética medieval


ECO, Humberto. A sensibilidade estética medieval. IN:_____.  Arte e beleza na estética medieval. Rio de Janeiro: Record, 2010. P. 17-42.



        Umberto Eco é um escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano de fama internacional. É titular da cadeira de Semiótica (aposentado) e diretor da Escola Superior de ciências humanas na Universidade de Bolonha. Ensinou temporariamente em Yale, na Universidade Columbia, em Harvard, Collège de France e Universidade de Toronto. Colaborador em diversos periódicos acadêmicos, dentre eles colunista da revista semanal italiana L'Espresso, na qual escreve sobre uma infinidade de temas. Eco é, ainda, notório escritor de romances, entre os quais O nome da rosa e O pêndulo de Foucault.
       O capítulo "A sensibilidade estética medieval" é dividido em quatro tópicos onde o autor discute a arte e a beleza na Estética medievalNo primeiro tópico o autor fala sobre os interesses estéticos medievais e sua originalidade. Ele destaca o fato de o olhar medieval ser voltado para a antiguidade clássica. Fala da sensibilidade na estética das obras, e ainda aborda a forma como os sistemas doutrinais procuravam não desviar a atenção espiritual para o sensível.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O imaginário popular na época dos descobrimentos quinhentistas


PESTANA, Fábio. O imaginário popular na época dos descobrimentos quinhentistas: da terra plana ao mundo esférico. Para entender a história..., ano 1, p. 1-16, Nov. 2010.
           
                                                                                               

Fábio Pestana Ramos Possui Bacharelado e Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade de São Paulo, MBA em Gestão de Pessoas e Doutorado em Ciências (História Social) pela USP. Já atuou como docente no curso de história da PUC de Campinas, Fundação Santo André Faculdades Associadas Campos Sales e como professor titular na Uniban.
 O autor discute a questão do imaginário popular quinhentista, como um fator que tanto estimulou como tardou o descobrimento de novas terras.  O texto se divide em 4 tópicos que facilitam a ordem e compreensão dos acontecimentos.
 No primeiro tópico, o autor debate sobre a existência da América já ser conhecida antes de Colombo, porém, ele deixa claro que essas informações eram restritas apenas para alguns letrados e a nobreza.

África entre os séculos VII E XI: cinco séculos formadores



RESUMO

A África conhecida por todos hoje é resultado de mudanças ocorridas entre os séculos VII e XI. Esses séculos são considerados formadores por que as transformações ocorridas durante esse período afetaram a África em seus aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais. Esse artigo objetiva explanar de forma clara quais foram essas transformações, e de que forma elas influenciaram na formação da África.
Palavras-chave: História. África. Transformações. 


1 INTRODUÇÃO

          Durante muito tempo a história da África foi negligenciada pelo Ocidente. Acreditava-se que não havia obras suficientes para a abordagem da história desse continente. A ausência de fonte histórica escrita não impediu a construção da história da África, a oralidade que é a tradição viva da África, muito ajudou na elaboração de livros. A história transmitida pelos tradicionalistas através da

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Estados Unidos: A formação da Nação


KARNAL, Leandro. Estados Unidos: a formação da nação. São Paulo:         Contexto, 2013.




No livro Estados Unidos: a formação da nação, Leandro Karnal reúne informações importantíssimas acerca da “infância” do país, ou seja, seu período colonial, e com isso tenta explicar sua ascensão política, social, e econômica no mundo.
O diferencial da história dos Estados Unidos produzida por Karnal, está no fato de ele desconstruir e confrontar algumas teorias que foram elaboradas na tentativa de explicar o porquê de a América Latina ser pobre e a América do Norte ser rica. Dessa forma, Leandro Karnal confere como simplistas as teorias de Colônias de povoamento e colônias de exploração.
Segundo o autor, foi a falta de um planejamento sistemático na colonização inglesa que favoreceu o processo de independência, pois o mesmo só ocorreu graças ao descontentamento da população colonial com sua metrópole.

Antagonismo econômico das Américas: o que causou?

 

 

RESUMO


A pobreza da América Latina e a riqueza da América do Norte são muitas vezes explicadas a partir de teorias simplistas e irreflexivas. Cria-se a imagem de uma América Dominante, e outra que foi dominada ao longo do tempo, sem a oportunidade de se desenvolver economicamente.Além disso, muitas vezes a culpa pela pobreza latino-americana é atribuída a potências econômicas, como por exemplo, os Estados Unidos. Porém, novas análises têm surgido, como a do Professor Paulo Roberto de Almeida, que com base em estudos mais aprofundados,refuta algumas explicações óbvias, procurandoevidenciar os reais motivos do subdesenvolvimento dos países da América Latina. Esse artigo propõe situar os principais motivos destacados pelo Professor Paulo Roberto de Almeida, no âmbito político, econômico e social, bem como apresentar algumas das principais teorias desenvolvidas por estudiosos ao longo do tempo, no que diz respeito à pobreza latino-americana.


Palavras-Chave: América Latina – América do Norte – Antagonismo Econômico



Esse é um trabalho sobre a abordagem do Professor Paulo Roberto de Almeida, baseado em sua vídeo-aula e artigo intitulados “Porque a América Latina é pobre e a América do Norte é rica? ”, onde ele apresenta motivos de âmbito político, econômico e social, e refuta algumas colocações já conhecidas que diziam explicar a pobreza latino-americana, e a riqueza norte-americana. 

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Filme: Lutero


Lutero (Luther). Eric Till. Alemanha / EUA, 2003. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PlP-Xt4LLNg. Acesso em 27 Abr. 2016.


      O filme Lutero é uma reconstrução histórica da Reforma Protestante ocorrida no século XVI. Lutero era um monge alemão da Ordem dos Agostinianos, e quando foi enviado à Roma se deparou com as indulgências, um dos motivos principais para seu afastamento da Igreja Católica. Algumas indulgências prometiam salvação eterna para almas de parentes que já haviam falecido. 
     É interessante notar que criar uma ruptura com a igreja Católica nunca foi o objetivo de Lutero. O que ele desejava era acabar com a corrupção que estava tomando a igreja.  Ao escrever as 95 teses e afixá-las na porta da Catedral de Wittenberg no dia 31 de Outubro de 1517, Lutero expressava seu protesto contra a venda de indulgências por João Tetzel.
    Acredito que esse seja um tópico de estudo importantíssimo, não só para estudantes de História como para os leitores em geral. Vivemos em um país que tem como a maior religião o Cristianismo. Cristianismo esse que se divide entre Igreja Católica e Igrejas Protestantes. Dessa forma é imprescindível que se estude como ocorreu essa ruptura e por quais motivos. 
     Sendo assim, um filme como esse contribui em muito para se entender essa parte da História. Lembrando que os filmes têm  a tendência de serem ficcionistas, portanto devem ser assistidos após um prévio estudo literário.

                                               
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Sara S. de Oliveira
Acadêmica de História
Paraíba, Brasil