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sábado, 20 de agosto de 2016

Da crítica à negação da Razão Moderna e o novo contexto: “Pós-moderno?”



GOERGEN, Pedro. Da crítica à negação da Razão Moderna; O novo contexto: “Pós moderno?”. IN:_______. Pós-modernidade, ética e educação. Campinas, SP: Autores associados, 2001. P. 1-38.


         Nos primeiros dois capítulos de seu livro intitulado “Pós-modernidade, ética e educação”, Pedro Goergen traça o percurso da crítica da Razão Moderna até sua negação. Ele inicia apresentando o Projeto Moderno, onde o homem teria se visto independente da verdade revelada pela Igreja ao se conscientizar de suas capacidades racionais. Quando isso acontece, o Teocentrismo é substituído por uma cultura totalmente antropocêntrica e secular, e os segredos da natureza passam a ser revelados não mais por Deus, e sim pela Ciência e a Razão. A fé é desassociada do divino, e ligada à racionalidade e ao progresso, dois aspectos chave do Projeto Moderno.
         Seguindo o ideal de que todo homem é sujeito de seu tempo, podemos notar no Projeto Moderno traços da mentalidade medieval. A modernidade emergiu do medievo cristão, dessa forma o que os modernos fizeram foi secularizar essa idéia de “mundo melhor” pregada pela Igreja. Ao invés de se deparar com o paraíso na eternidade, alcançado pela fé em Deus, a cidade celestial se transfere para a terra, e o mundo melhor pode agora ser alcançado através da fé na Razão. O que se busca ainda é a salvação do homem,, só mudaram as formas de alcançá-la. O indivíduo moderno substitui a metanarrativa cristã medieval por uma metanarrativa secular.

       As críticas do Projeto Moderno vão partir de autores como Nietzsche, Heidegger e principalmente Horkheimer e Adorno. Os dois últimos afirmam que esse desencantamento do mundo, propagado pelo modernismo, onde se dissolvem os mitos e a imaginação, se transformou em um poder que não tem limites. O único objetivo em se descobrir os segredos da natureza é o de dominar tanto ela como os outros indivíduos menos favorecidos de “poder intelectual”. O pensamento se torna um processo técnico que coisifica o homem e suprime a consciência. Porém, é necessário salientar que, diferente dos pós-modernos, Horkheimer e Adorno não negam a razão, apenas criticam o mau uso dela.
Os pós-modernos vão alertar para o perigo da racionalidade moderna. A relação de Pedro Goergen com o pós-modernismo não é de negação das teses, ele afirma analisá-las criticamente e assim como Henry Giroux, acredita que o pós-moderno é importante para os educadores no sentido de aproveitar as críticas à alguns aspectos hegemônicos da modernidade na educação.
         Enfim, Pedro Goergen ao longo do texto expõe que seu posicionamento teórico se aproxima do de Habermas. Ele assume que foi feito um mau uso da Razão, porém afirma que acredita que o uso apropriado dela pode gerar um processo emancipatório para a humanidade.


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Sara S. de Oliveira
Acadêmica de História
Paraíba, Brasil

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