GOERGEN, Pedro. Da crítica à negação da Razão Moderna; O novo contexto: “Pós moderno?”. IN:_______. Pós-modernidade, ética e educação. Campinas, SP: Autores associados, 2001. P. 1-38.
Nos primeiros dois capítulos de seu livro intitulado
“Pós-modernidade, ética e educação”, Pedro Goergen traça o percurso da crítica
da Razão Moderna até sua negação. Ele inicia apresentando o Projeto Moderno,
onde o homem teria se visto independente da verdade revelada pela Igreja ao se
conscientizar de suas capacidades racionais. Quando isso acontece, o
Teocentrismo é substituído por uma cultura totalmente antropocêntrica e
secular, e os segredos da natureza passam a ser revelados não mais por Deus, e
sim pela Ciência e a Razão. A fé é desassociada do divino, e ligada à
racionalidade e ao progresso, dois aspectos chave do Projeto Moderno.
Seguindo o ideal de que todo homem é sujeito de seu tempo,
podemos notar no Projeto Moderno traços da mentalidade medieval. A modernidade
emergiu do medievo cristão, dessa forma o que os modernos fizeram foi
secularizar essa idéia de “mundo melhor” pregada pela Igreja. Ao invés de se
deparar com o paraíso na eternidade, alcançado pela fé em Deus, a cidade
celestial se transfere para a terra, e o mundo melhor pode agora ser alcançado
através da fé na Razão. O que se busca ainda é a salvação do homem,, só mudaram
as formas de alcançá-la. O indivíduo moderno substitui a metanarrativa cristã medieval
por uma metanarrativa secular.
As críticas do Projeto Moderno vão partir de autores como
Nietzsche, Heidegger e principalmente Horkheimer e Adorno. Os dois últimos
afirmam que esse desencantamento do mundo, propagado pelo modernismo, onde se
dissolvem os mitos e a imaginação, se transformou em um poder que não tem
limites. O único objetivo em se descobrir os segredos da natureza é o de
dominar tanto ela como os outros indivíduos menos favorecidos de “poder
intelectual”. O pensamento se torna um processo técnico que coisifica o homem e
suprime a consciência. Porém, é necessário salientar que, diferente dos
pós-modernos, Horkheimer e Adorno não negam a razão, apenas criticam o mau uso
dela.
Os
pós-modernos vão alertar para o perigo da racionalidade moderna. A relação de
Pedro Goergen com o pós-modernismo não é de negação das teses, ele afirma
analisá-las criticamente e assim como Henry Giroux, acredita que o pós-moderno
é importante para os educadores no sentido de aproveitar as críticas à alguns
aspectos hegemônicos da modernidade na educação.
Enfim, Pedro Goergen ao longo do texto expõe que seu
posicionamento teórico se aproxima do de Habermas. Ele assume que foi feito um
mau uso da Razão, porém afirma que acredita que o uso apropriado dela pode
gerar um processo emancipatório para a humanidade.
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Sara S. de Oliveira
Acadêmica de História
Paraíba, Brasil
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