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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A conquista Espanhola e a colonização da América


ELLIOT, John H. A conquista Espanhola e a Colonização da América. In: Leslie Bethell (ed.). História da América Latina, vol. I: América Latina Colonial. São Paulo/Brasília: EDUSP/Fundação Alexandre de Gusmão, 1997 (1984), pp. 135-194.

                                                 

O capítulo em destaque é parte do livro História da América Latina, vol. I: América Latina Colonial de John Elliot e faz  uma análise da conquista espanhola das Índias, problematizando as razões da vitória ibérica. O texto é dividido em quatro tópicos onde o autor apresenta os antecedentes da conquista, o padrão das ilhas, a organização e o avanço da conquista, e sua consolidação. Ao longo do texto, o autor expõe alguns motivos que poderiam justificar o êxito ibérico.
No primeiro tópico, Elliot apresenta o contexto da Europa antes da conquista, que ainda sofria crises econômicas e sociais causadas pelas devastações da Peste Negra, e estava bloqueada nas fronteiras orientais, tornando a oferta de mão de obra pequena e fazendo com que as rendas da aristocracia decaíssem. Sendo assim, o autor diz que o movimento expansionista dos ibéricos no século XV foi um reflexo dessas aspirações europeias, onde a nobreza procurava no ultramar novas terras, e consequentemente, novas fontes de riqueza. Essas ambições ultramarinas levaram ao aperfeiçoamento das técnicas de navegação, e criação de novas ferramentas como a bússola, o quadrante e o astrolábio. O autor também coloca em destaque as pretensões de Castela, dando uma justificação moral para a conquista e a colonização, que seria a catequização.

No segundo tópico, ao autor vai abordar os problemas enfrentados pelos espanhóis na chegada à América, como a falta de estabilidade dos povos, o fracasso do escambo de ouro com os índios pretendido por Colombo, as interferências dos teólogos ibéricos no processo de escravização dos nativos, além dos fenômenos naturais, como o ciclone que destruiu a colônia de Santo Domingo. O autor debate ainda, o modelo de sociedade que foi implantado nas colônias, com a presença de Cabildos e Vecinos. Nesse tópico, o autor explicita o processo de degradação da população de Hispaniola, que aos poucos foi se diluindo por causa das doenças trazidas, as guerras, os maus tratos e os traumas. No texto, é colocada também a questão do Repartimiento, e a obrigação de se instruir os nativos na fé católica.
No penúltimo tópico, o autor inicia falando sobre os dois grandes arcos de conquista, um organizado a partir de Cuba, que destruiu a confederação asteca, e outro que começou no Panamá, e resultou na conquista do Império Inca. É nesse tópico que o autor procura evidenciar os motivos que proporcionaram aos espanhóis um processo de conquista tão rápido. Ele expõe que isso se deu, entre outros motivos, pelo modo de vida dos ameríndios, e pela impressão que eles tiveram dos invasores, como deuses em cima dos cavalos.  Apesar de os índios estarem em vantagem numérica, o autor defende que a complexa diversidade dessas populações operou a favor dos espanhóis. Ele também afirma que a estratégia dos conquistadores de capturar o imperador desses povos, beneficiou em muito, pois os imperadores eram considerados deuses, então quando um outro povo chega e os captura, o povo terminava cedendo. Ao longo desse tópico, o autor debate as vantagens e desvantagens dos espanhóis no contato com os ameríndios, e no processo de conquista e colonização.
No quarto e último tópico, Elliot apresenta o processo de consolidação da conquista. Ele diz que após a derrocada dos impérios asteca e inca, os espanhóis puderam consolidar com notável rapidez seu regime sobre áreas do México central e Peru. Ele diz ainda, que essa tarefa foi facilitada pela sobrevivência da parte administrativa do período pré conquista, e pela docilidade da população, que estava aliviada em ver os antigos dominadores postos abaixo. Os povos que viviam da caça, foram congregados em povoados fixos para que se pudesse começar a obra de hispanização. O autor destaca a importância dos missionários, que usou as armas que faltavam nos soldados, persuasão e disciplina. Outros temas abordados pelo autor nesse último tópico são as mercês, as cidades novas, o controle da coroa sobre as terras, e a migração maciça da Espanha. As cidades fundadas pelos conquistadores, o uso da mão de obra indígena, a cobrança de tributo, a invasão das terras indígenas, infiltração de brancos e mestiços, foram elementos citados pelo autor, que contribuíram para minar a comunidade indígena e estabelecer a superioridade europeia. No processo de consolidação aconteceu a conquista administrativa das índias. As índias passaram a ocupar um lugar dentro do arcabouço institucional de uma monarquia espanhola de amplitude internacional.
Com o texto de John Elliot é possível ter uma visão ampla sobre o processo de colonização espanhola na América, bem como o envolvimento dos nativos, que nem sempre foi passivo. O autor faz um apanhado, desde os elementos que favoreceram a conquista, até seu processo de consolidação. 

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Sara S. de Oliveira
Acadêmica de História
Paraíba, Brasil