ELLIOT, John H. A conquista Espanhola e a Colonização da América. In:
Leslie Bethell (ed.). História da América Latina, vol. I: América Latina Colonial.
São Paulo/Brasília: EDUSP/Fundação Alexandre de Gusmão, 1997 (1984), pp.
135-194.
O capítulo em destaque é parte do livro
História da América Latina, vol. I: América Latina Colonial de John Elliot e
faz uma análise da conquista espanhola
das Índias, problematizando as razões da vitória ibérica. O texto é dividido em
quatro tópicos onde o autor apresenta os antecedentes da conquista, o padrão
das ilhas, a organização e o avanço da conquista, e sua consolidação. Ao longo
do texto, o autor expõe alguns motivos que poderiam justificar o êxito ibérico.
No primeiro tópico, Elliot apresenta o contexto
da Europa antes da conquista, que ainda sofria crises econômicas e sociais
causadas pelas devastações da Peste Negra, e estava bloqueada nas fronteiras
orientais, tornando a oferta de mão de obra pequena e fazendo com que as rendas
da aristocracia decaíssem. Sendo assim, o autor diz que o movimento
expansionista dos ibéricos no século XV foi um reflexo dessas aspirações
europeias, onde a nobreza procurava no ultramar novas terras, e
consequentemente, novas fontes de riqueza. Essas ambições ultramarinas levaram
ao aperfeiçoamento das técnicas de navegação, e criação de novas ferramentas
como a bússola, o quadrante e o astrolábio. O autor também coloca em destaque
as pretensões de Castela, dando uma justificação moral para a conquista e a
colonização, que seria a catequização.
No segundo tópico, ao autor vai abordar
os problemas enfrentados pelos espanhóis na chegada à América, como a falta de
estabilidade dos povos, o fracasso do escambo de ouro com os índios pretendido
por Colombo, as interferências dos teólogos ibéricos no processo de
escravização dos nativos, além dos fenômenos naturais, como o ciclone que
destruiu a colônia de Santo Domingo. O autor debate ainda, o modelo de
sociedade que foi implantado nas colônias, com a presença de Cabildos e Vecinos.
Nesse tópico, o autor explicita o processo de degradação da população de
Hispaniola, que aos poucos foi se diluindo por causa das doenças trazidas, as
guerras, os maus tratos e os traumas. No texto, é colocada também a questão do
Repartimiento, e a obrigação de se instruir os nativos na fé católica.
No penúltimo tópico, o autor inicia
falando sobre os dois grandes arcos de conquista, um organizado a partir de
Cuba, que destruiu a confederação asteca, e outro que começou no Panamá, e
resultou na conquista do Império Inca. É nesse tópico que o autor procura
evidenciar os motivos que proporcionaram aos espanhóis um processo de conquista
tão rápido. Ele expõe que isso se deu, entre outros motivos, pelo modo de vida
dos ameríndios, e pela impressão que eles tiveram dos invasores, como deuses em
cima dos cavalos. Apesar de os índios
estarem em vantagem numérica, o autor defende que a complexa diversidade dessas
populações operou a favor dos espanhóis. Ele também afirma que a estratégia dos
conquistadores de capturar o imperador desses povos, beneficiou em muito, pois
os imperadores eram considerados deuses, então quando um outro povo chega e os
captura, o povo terminava cedendo. Ao longo desse tópico, o autor debate as
vantagens e desvantagens dos espanhóis no contato com os ameríndios, e no
processo de conquista e colonização.
No quarto e último tópico, Elliot
apresenta o processo de consolidação da conquista. Ele diz que após a derrocada
dos impérios asteca e inca, os espanhóis puderam consolidar com notável rapidez
seu regime sobre áreas do México central e Peru. Ele diz ainda, que essa tarefa
foi facilitada pela sobrevivência da parte administrativa do período pré
conquista, e pela docilidade da população, que estava aliviada em ver os
antigos dominadores postos abaixo. Os povos que viviam da caça, foram
congregados em povoados fixos para que se pudesse começar a obra de
hispanização. O autor destaca a importância dos missionários, que usou as armas
que faltavam nos soldados, persuasão e disciplina. Outros temas abordados pelo
autor nesse último tópico são as mercês, as cidades novas, o controle da coroa
sobre as terras, e a migração maciça da Espanha. As cidades fundadas pelos
conquistadores, o uso da mão de obra indígena, a cobrança de tributo, a invasão
das terras indígenas, infiltração de brancos e mestiços, foram elementos
citados pelo autor, que contribuíram para minar a comunidade indígena e
estabelecer a superioridade europeia. No processo de consolidação aconteceu a
conquista administrativa das índias. As índias passaram a ocupar um lugar
dentro do arcabouço institucional de uma monarquia espanhola de amplitude
internacional.
Com o texto de John Elliot é possível
ter uma visão ampla sobre o processo de colonização espanhola na América, bem
como o envolvimento dos nativos, que nem sempre foi passivo. O autor faz um
apanhado, desde os elementos que favoreceram a conquista, até seu processo de
consolidação.
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Sara S. de Oliveira
Acadêmica de História
Paraíba, Brasil