No artigo, o autor procura definir e
classificar o fenômeno das idolatrias surgido na América Colonial Ibérica a
partir do século XVI. Na época dos Descobrimentos, a idolatria já era um
conceito antigo na Teologia Cristã, podendo ser vista tanto no Antigo como no
Novo Testamento. No meio Cristão Medieval, as práticas consideradas idólatras
eram demonizadas, e não foi diferente na América.
Desde os primeiros contatos entre europeus e
ameríndios a idolatria passou a fazer parte do vocabulário dos colonizadores.
Eram considerados idolatria: os cultos indígenas à estátuas; a divinização de
rochas e os rituais de antropofagia, quase em tudo era percebido um sinal
idólatra.
Alguns viam na religiosidade dos nativos um
estado de anomia, um papel em branco onde se poderia escrever a vontade. Outros
confundiram a história indígena com o Islamismo, como foi o caso de Hernan
Cortês, que descreveu um templo de Tenochtitlán como uma grande mesquita. Ou
seja, era o imaginário da Reconquista que moldava as formas de (re) conhecer o
outro, que era visto tanto como infiel, como gentio.
O discurso de degradação do mundo vinha sendo
pregado pela Igreja desde o final da Idade Média, onde os principais
”instrumentos” de Satã seria o muçulmano, o judeu, a mulher, os feiticeiros, e
por último, o ameríndio do Novo Mundo.
Os agentes da colonização preocuparam-se ao
perceber a força das idolatrias, e a forma como elas foram tratadas na América
Portuguesa não foi tão rigorosa quanto na América Espanhola, onde era
considerado crime passível de pena de morte.
A idolatria pode ser vista, nesse caso, como
um fenômeno histórico-cultural de resistência indígena tanto em sua forma
Ajustada como na Insurgente. Na Ajustada, a resistência pode ser vista dentro
dos lares, pois no espaço público os índios compareciam normalmente às missas e
até se confessavam, mas no núcleo doméstico os índios escondiam suas
estatuetas, e praticavam as cerimônias de batismo e casamento. Com o passar do
tempo as idolatrias indígenas foram influenciadas pela cultura colonizadora,
como exemplo disso, o movimento insurgente da Santidade do Jaguaribe, no
Brasil, onde o líder da seita era um índio intitulado Papa, e sua esposa uma
índia chamada Maria Mãe de Deus.
Nas
idolatrias Insurgentes havia sacerdotes que percorriam as aldeias anunciando a
chegada de uma nova era, e pregando contra o deus cristão. As formas de
insurgência foram de pregações escatológicas até guerras armadas. De forma
pacífica ou não, o apego dos indígenas às sua tradições se revelou como uma
forma de resistência ao colonialismo.
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Sara S. de Oliveira
Acadêmica de História
Paraíba, Brasil
Acadêmica de História
Paraíba, Brasil
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