Páginas

sábado, 20 de agosto de 2016

Colonialismo e idolatrias


VAINFAS, Ronaldo. Colonialismo e idolatrias: cultura e resistência indígena no mundo colonial ibérico. IN: Revista Brasileira de História: América-Américas. V.11, nº21:- São Paulo, 1991.


No artigo, o autor procura definir e classificar o fenômeno das idolatrias surgido na América Colonial Ibérica a partir do século XVI. Na época dos Descobrimentos, a idolatria já era um conceito antigo na Teologia Cristã, podendo ser vista tanto no Antigo como no Novo Testamento. No meio Cristão Medieval, as práticas consideradas idólatras eram demonizadas, e não foi diferente na América.
Desde os primeiros contatos entre europeus e ameríndios a idolatria passou a fazer parte do vocabulário dos colonizadores. Eram considerados idolatria: os cultos indígenas à estátuas; a divinização de rochas e os rituais de antropofagia, quase em tudo era percebido um sinal idólatra.
Alguns viam na religiosidade dos nativos um estado de anomia, um papel em branco onde se poderia escrever a vontade. Outros confundiram a história indígena com o Islamismo, como foi o caso de Hernan Cortês, que descreveu um templo de Tenochtitlán como uma grande mesquita. Ou seja, era o imaginário da Reconquista que moldava as formas de (re) conhecer o outro, que era visto tanto como infiel, como gentio.
O discurso de degradação do mundo vinha sendo pregado pela Igreja desde o final da Idade Média, onde os principais ”instrumentos” de Satã seria o muçulmano, o judeu, a mulher, os feiticeiros, e por último, o ameríndio do Novo Mundo.
Os agentes da colonização preocuparam-se ao perceber a força das idolatrias, e a forma como elas foram tratadas na América Portuguesa não foi tão rigorosa quanto na América Espanhola, onde era considerado crime passível de pena de morte.
A idolatria pode ser vista, nesse caso, como um fenômeno histórico-cultural de resistência indígena tanto em sua forma Ajustada como na Insurgente. Na Ajustada, a resistência pode ser vista dentro dos lares, pois no espaço público os índios compareciam normalmente às missas e até se confessavam, mas no núcleo doméstico os índios escondiam suas estatuetas, e praticavam as cerimônias de batismo e casamento. Com o passar do tempo as idolatrias indígenas foram influenciadas pela cultura colonizadora, como exemplo disso, o movimento insurgente da Santidade do Jaguaribe, no Brasil, onde o líder da seita era um índio intitulado Papa, e sua esposa uma índia chamada Maria Mãe de Deus.
Nas idolatrias Insurgentes havia sacerdotes que percorriam as aldeias anunciando a chegada de uma nova era, e pregando contra o deus cristão. As formas de insurgência foram de pregações escatológicas até guerras armadas. De forma pacífica ou não, o apego dos indígenas às sua tradições se revelou como uma forma de resistência ao colonialismo.



___________________
Sara S. de Oliveira
Acadêmica de História
Paraíba, Brasil
        

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário!